segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Amit Goswami



Esse senhor incrível eu tive a oportunidade de conhecer há algum tempo numa palestra aqui na USP - Ribeirão. É só uma pequena amostra para incentivar os que quiserem conhecer mais sobre ele.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A lição do tempo

Salvador Dali

A nossa vida é governada pelo tempo. Vivemos nele e em função dele. Além disso, morremos nele.
O tempo é uma medida útil, mas somos nós que atribuímos a ele o seu valor.
Albert Einstein salientou que o tempo não é constante, que ele tem relação com o observador.
O tempo também depende da percepção. De uma maneira tangível, o tempo das pessoas não é igual.
Com o tempo, tudo muda. Mudamos por dentro, mudamos por fora, a nossa aparência e o nosso eu interior se modificam. Apesar de a mudança ser nossa constante companheria, em geral não a consideramos nossa amiga. A mudança nos assusta porque nos sentimos incapazes de controlá-la. Prefirimos as mudanças que decidimos fazer, porque fomos nós que a escolhemos.
Passar por uma mudança é dizer adeus a uma situação antiga e familiar e enfrentar uma situação nova e desconhecida. Se lutarmos contra a mudança, lutaremos a vida inteira.
Envelhecer harmoniosamente é experimentar plenamente cada dia e cada momento. Quando vivemos plenamente a nossa vida, não temos vontade de voltar atrás. Só lamentamos a vida vivida pela metade. E viver plenamente não é realizar grandes feitos, mas ser capaz de usufruir o mais possível a cada experiência que nos é oferecida.
A realidade do tempo é que não podemos ter qualquer certeza do passado. Não sabemos se ele realmente aconteceu do jeito que lembramos. E, certamente, não conhecemos o futuro. Na verdade, nem mesmo sabemos se o tempo é linear.
Será que isto tem importância?
Nunca é demais repetir: o nosso grande e difícil desafio é viver plenamente o momento presente. Saber que este exato instante contém todas as possibilidades de felicidade e amor, e não perdê-lo por estarmos presos ao passado ou antevendo o que o futuro nos reserva. Ao colocar de lado o sentimento de expectativa, podemos viver no espaço sagrado do que está acontecendo agora.

Elisabeth Kübler-Ross - Os segredos da vida

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A lição do perdão


O perdão é uma maneira de curar as nossas mágoas e feridas, é a forma de nos religarmos aos outros e a nós mesmos. O problema não é o fato da mágoa acontecer, e sim de não conseguirmos esquecê-la ou nos recusarmos a fazê-lo.
O perdão nos confere muitas coisas, inclusive a liberdade de ser novamente quem somos. Quando perdoamos aos outros ou a nós mesmos, somos devolvidos ao estado de graça.
Perdoar não significa deixar as pessoas pisarem em nós. Quando conseguimos reconhecer que as pessoas são humanas, podemos perdoá-las tomando consciência da nossa raiva. Em seguida precisamos nos livrar da energia da raiva batendo contra um travesseiro, gritando numa praia deserta, desabafando nosso sentimento com um amigo em quem confiamos ou fazendo qualquer outra coisa capaz de expulsar a raiva. Não negue esses sentimentos, experimente-os plenamente. Depois abdique deles. Quando nos desapegamos, nós encontramos a liberdade.
Com frequência, a pessoa que precisamos perdoar somos nós mesmos. Temos que nos perdoar pelo que fizemos e pelo que deixamos de fazer. Sempre que acharmos que cometemos um erro, devemos nos perdoar. Perdoar é compreender os motivos que nos levaram a cometer aquilo que percebemos como erro ou ofensa a alguém. E aprender com a experiência.
Estamos no mundo para cometer erros, para magoar acidentalmente uns aos outros, para nos sentir perdido de vez em quando. Se fossemos perfeitos, não estaríamos aqui. Fizemos o que fizemos porque somos humanos.
O perdão nos ajuda a permanecer em paz e em contato com o amor.
Elisabeth Kübler-Ross

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Wilhem Reich

"Fui acusado de ser um utópico, de querer eliminar o desprazer do mundo e defender apenas o prazer. Contudo, tenho declarado claramente que a educação tradicional torna as pessoas incapazes para o prazer encouraçando-as contra o desprazer. Prazer e alegria de viver são inconcebíveis sem luta, experiências dolorosas e embates desagradáveis consigo mesmo. A saúde psíquica não se caracteriza pela teoria do nirvana dos iogues e dos budistas, nem pela hedonismo dos epicuristas, nem pela renúncia monástica; caracteriza-se, isso sim, pela alternância entre a luta desprazerosa e a felicidade, o erro e a verdade, o desvio e a correção da rota, a raiva racional e o amor racional; em suma, estar plenamente vivo em todas as situações da vida. A capacidade de suportar o desprazer e a dor sem se tornar amargurado e sem se refugiar na rigidez, anda de mãos dadas com a capacidade de aceitar a felicidade e dar amor."
Wilhelm Reich (1942) em "Function Of The Orgasm - Vol 1 Of The Discovery Of The Orgone", Ed. Farrar, Straus and Giroux, 1989

domingo, 19 de setembro de 2010


Experiência:
Entrelace suas mãos. Qual o polegar que fica por cima?
Experimente agora entrelaçar suas mãos com o polegar da outra mão para cima!

Essa é uma brincadeira que M. Erickson fazia para mostrar às pessoas os padrões de comportamentos existentes, sem que na maior parte das vezes tenhamos consciência. O polegar da mão dominante sempre fica para cima e assim você pode observar se é destro ou canhoto...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sobre Elisabeth Kübler-Ross




Renomada médica psiquiatra, nasceu na Suiça e mudou-se para os Estados Unidos, onde faleceu em 2004. Trouxe uma nova consciência ao mundo sobre a morte e morrer. Dedicou sua vida a este tema, publicou nove livros sobre o assunto e recebeu vários prêmios.

Neste livro, Os Segredos da Vida, escrito em parceria com David Kessler, está no final de sua vida. Relata preciosidades extraídas de sua experiência pessoal e profissional.

Podemos aprender com a experiência, acertos e erros de outras pessoas. E, quando nos deparamos com a fase final, as lições surgem com clareza.

Uma excelente fonte motivacional para termos uma boa vida!

Elisabeth Kübler-Ross - Entrega

Foto- Adam Dobrovits

A lição da Entrega



Muitas pessas tem medo de se entregar achando que significa desistir e ceder, o que é um sinal de fraqueza. Mas a entrega não encerra fraqueza nem dor. [...] Desejamos controlar as situações, queremos fazer as coisas acontecerem do nosso modo. Igualamos a atividade à força, a passividade à fraqueza.

O sinal de que é hora de nos entregarmos acontece quando nos sentimos exaustos por tentar controlar uma situação ou vencer uma batalha. Quando isso acontece, precisamos nos entregar para nos desapegarmos desse aperto mortal. Para nos livrarmos da preocupação constante e interrompermos a luta tão destrutiva. Essa luta nos impede de viver o momento presente, impede os relacionamentos alegres, destrói a criatividade e pertuba a nossa felicidade e satisfação.[...]

O universo governa com maestria este planeta surpreendentemente complexo. Sabemos disso e nos entanto temos medo de nos entregar a esse poder. Não é fácil descobrir o bem ou a lição em uma situação difícil. Podemos ficar perplexos, pertubados ou mesmo nos revoltar. Mas com frequência, a única maneira de o universo nos curar e fazer crescer é nos colocando diante de situações penosas. Nenhum de nós sabe de fato porque as coisas acontecem na nossa vida. VIVER EXIGE HUMILDADE, PORQUE A VIDA É UM MISTÉRIO. TUDO SERÁ REVELADO NO DEVIDO TEMPO.

Como se entregar? Desistindo de querer que as coisas sejam do nosso jeito.

Existe uma importante diferença entre entrega e mera abdicação. Desistir é desesperar-se, rejeitar a vida que temos. Perceber que sempre temos escolhas, em qualquer situação, significa nos entregarmos. Quando negamos a situação ou nos voltamos contra ela, estamos desistindo. Quando nos voltamos para ela e a acolhemos tal como é, estamos nos entregando.[...] Você não pode mudar a sua infância infeliz, mas pode ter hoje qualidade de vida. Você não pode obrigar alguém a amar você, mas pode parar de desperdiçar o seu tempo e energia com essa pessoa. Você não pode brandir a varinha mágica e fazer um cancer desaparecer, mas isso não significa que a vida tenha acabado.

Se uma coisa deve ser mudada e você tem o poder de modificá-la, vá em frente. Mas aprenda a reconhecer situações que não podem ser alteradas. São momentos que sentimos que estamos remando contra a maré, quando lutamos e temos medo. São as ocasiões em que precisamos aceitar a situação e nos entregar. Caso contrário, a nossa luta nos consumirá.

Se você não se sente em paz, está na hora de entregar-se.

Se a vida não está fluindo, está na hora de entregar-se.

Se você acha que é responsável por tudo, está na hora de entregar-se.

Se você quer mudar o que não pode ser mudado, está na hora de entregar-se.

O universo nos fornece as ferramentas para que cumpramos o nosso destino quando deixamos que as coisas sigam normalmente o seu caminho.

Oração da serenidade

Senhor, dai-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar as que eu posso e sabedoria para distinguir umas das outras.

domingo, 12 de setembro de 2010

Elisabeth Kubler-Ross - RAIVA

"Estudos demonstram que pacientes que expressam sua raiva vivem mais tempo.
Refrear a raiva é eliminar um dos importantes sistemas de aviso do corpo. A raiva nos adverte que estamos sendo feridos ou que nossas necessidades não estão sendo atendidas, e neste sentido pode ser uma reação normal e saudável diante de muitas situações. Por outro lado, ela pode ser, como a culpa, um indício de que algo não está em sintonia com nossas crenças. A raiva ocasional, externada em reação a situações perniciosas é saudável.
A raiva é apenas isso: um sentimento que deve ser vivenciado e não julgado. Como todos os sentimentos, a raiva é uma forma de comunicação que nos traz uma mensagem.
A raiva nos diz que deixamos de lidar com a nossa mágoa. Á medida que acumulamos mágoas e não lidamos com elas, a raiva cresce. E pode crescer de tal forma que nos dá a sensação de fazer parte de nós. Começamos a nos ver como pessoas más. A raiva torna-se parte de nossa identidade.
Além de ficar com raiva dos outros, ficamos com raiva de nós mesmos por causa do que fizemos ou deixamos de fazer. Ficamos com raiva quando sentimos que, ao tentar agradar os outros, traímos a nós mesmos e aos nossos sentimentos. Ficamos com raiva quando deixamos de atender nossas necessidades e carências. Ficamos muita vezes com raiva dos outros por não darem o que achamos que merecemos, sem nos darmos conta de que estamos com raiva de nós mesmos porque não nos fizemos respeitar e por não exigirmos nossos direitos.
Quando voltamos as raiva para dentro de nós, ela com frequência se expressa através de sentimentos de depressão ou culpa.
O medo inconsciente também pode se transformar em raiva.
O que fazemos com a raiva - a forma de expressá-la- é que pode ter efeitos negativos.
A raiva é um sentimento natural que passa, e não um modo de ser permanente."

Trechos extraídos do livro OS SEGREDOS DA VIDA, de Elisabeth Kubler- Ross e David Kessler

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

26/08/2010

Muito gratificante dar a palestra na Semana da Psicologia em Bebedouro sobre a Hipnoterapia Ericksoniana. Falar da genialidade, do respeito e do amor de Milton Erickson para jovens ingressando na área psicológica é muito bom. Tomara que boas sementes sejam plantadas. Seguir ou não essa linha de trabalho é outra história. Se alguém vier, será muito bem vindo, claro. Mas, o importante é perceber como cada um de nós é especial e único! Merece nosso respeito e admiração.
Gosto muito dessa terapia feita sob medida. Por vezes, me sinto a própria artesã descobrindo e lapidando tesouros ocultos. Melhor ainda é que minha matéria de trabalho é o ser humano....

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Milton H. Erickson

" O inconsciente é muito mais sábio do que você imagina."

Milton H. Erickson

" A vida é vivida no presente, mas é dirigida para o futuro."'

sábado, 21 de agosto de 2010

Terapia Estratégica



"Durante muito tempo, os clínicos eram treinados para evitar planejar ou iniciar aquilo que aconteceria na terapia e para esperar que o paciente dissesse ou fizesse alguma coisa. Esperava-se que o clínico se sentasse passivamente e só interpretasse ou fizesse retornar ao paciente aquilo que este estava dizendo ou fazendo. O terapeuta também só podia oferecer uma abordagem, não importa quão diferentes fossem as pessoas ou os problemas que a ele chegassem.
E então a terapia passou de passiva para ativa.
A terapia pode ser chamada de estratégica quando o clínico inicia o que se desenrola durante a terapia e designa uma abordagem particular para cada problema. Quando um terapeuta e uma pessoa com um problema se encontram, a ação que ocorre é determinada pelos dois, mas na terapia estratégica a iniciativa é amplamente tomada pelo terapeuta. Ele precisa identificar problemas solucionáveis, estabelecer objetivos, planejar intervenções para atingir esses objetivos, investigar as respostas que recebe para corrigir sua abordagem, e, por ultimo, examinar o resultado de sua terapia pra verificar se foi efetiva. O terapeuta precisa ser realmente sensível ao paciente e ao seu campo social.
Milton H. Erickson pode ser considerado o mestre da abordagem estratégica em terapia. Há tempos é conhecido como o médico hipnotista mais proeminente do mundo. Desenvolveu a terapia estratégica para indivíduos, casais e famílias, sem o uso formal da hipnose e esta talvez seja sua abordagem menos conhecida. Utiliza sua habilidade para observar pessoas e os modos complexos como se comunicam, para motivar as pessoas. E também a concepção da pessoa como mutável, com idéias específicas de como tornar a pessoa mais autônoma."

Extraído do livro: Terapia Não Convencional de Jay Halley Summus Editorial

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Joseph Campbell

'' O problema, na meia idade, quando o corpo atingiu seu poder máximo e começa a declinar, é identificar-se, não com o corpo, que decaí, mas com a consciência de que ele é um veículo, Isto é algo que aprendi com os mitos. Que sou eu? Sou a lâmpada que contém a luz ou sou a luz de que a lâmpada é o veículo?

domingo, 25 de julho de 2010

Roland Barthes - Fragmentos de um discurso amoroso



"Estou preso nesta contradição: de um lado, creio conhecer o outro melhor do que ninguém e afirmo isso triunfalmente a ele ("Eu te conheço. Só eu te conheço bem!"); e, por outro lado, sou freqüentemente assaltado por essa evidência: o outro é impenetrável, raro, intratável; não posso abri-lo, chegar até a sua origem, desfazer o enigma. De onde ele vem? Quem é ele? Por mais que eu me esforce não o saberei nunca.
(De todos aqueles que eu conhecera, X... era certamente o mais impenetrável. Isso porque não se sabia nada sobre o seu desejo: conhecer alguém não é apenas isso: conhecer seu desejo? Eu sabia tudo, imediatamente, sobre os desejos de Y...: ele era como "um gato escondido com o rabo de fora", e eu ficava inclinado a amá-lo não mais com terror, mas com indulgência, como uma mãe ama seu filho.)
Reviravolta: "Não consigo te conhecer" quer dizer: "Nunca saberei o que você pensa verdadeiramente de mim". Não posso decifrar você, porque não sei como você me decifra.
Se desgastar, se esforçar por um objeto impenetrável é pura religião. Fazer do outro um enigma insolúvel do qual depende minha vida é consagrá-lo como deus; não decifrarei nunca a pergunta que ele me faz, o enamorado não é Édipo. Só me resta então converter minha ignorância em verdade. Não é verdade que quanto mais se ama, mais se compreende; o que a ação amorosa consegue de mim é apenas uma sabedoria: não tenho que conhecer o outro; sua opacidade não é de modo algum a tela de um segredo, mas sim uma espécie de evidência, na qual fica abolido o jogo da aparência e do ser. Experimento então essa exaltação de amar profundamente um desconhecido, que o será sempre: movimento místico: tenho acesso ao conhecimento do desconhecido.
Ou ainda: ao invés de querer definir o outro ("O que é que ele é?"), me volto para mim mesmo: "O que é que eu quero, eu que quero te conhecer?". O que aconteceria se eu quisesse te definir como uma força, e não como uma pessoa? E se eu me situasse como uma outra força diante da tua força? Aconteceria o seguinte: meu outro se definiria apenas pelo sofrimento ou pelo prazer que ele me dá. "

Roland Barthes (Cherbourg, 12 de Novembro de 1915 — Paris, 26 de Março de 1980) foi um escritor, sociólogo, crítico literário, semiólogo e filósofo francês.

terça-feira, 25 de maio de 2010

CAMPBELL e MOYERS - Mitos

Alhambra- teto da sauna

Mitos e sonhos vêm do mesmo lugar. Vêm de tomadas de consciência de uma espécie tal que precisam encontrar expressão numa forma simbólica. E o único mito de que valerá a pena cogitar, no futuro imediato, é o que fala do planeta, não da cidade, não deste ou daquele povo, mas do planeta e de todas as pessoas que estão nele. Esta é a minha idéia fundamental do mito que está por vir.

E ele lidará exatamente com aquilo com que todos os mitos têm lidado – o amadurecimento do indivíduo, da dependência à idade adulta, depois à maturidade e depois à morte; e então com a questão de como se relacionar com esta sociedade e como relacionar esta sociedade com o mundo da natureza e com o cosmos. É disso que os mitos têm falado, desde sempre, e é disso que o novo mito terá de falar. Mas ele falará da sociedade planetária. Enquanto isso estiver em curso, nada irá acontecer.

MOYERS: Então você sugere que daí começará o novo mito do nosso tempo?

CAMPBELL: Sim, essa é a base do que o mito deve ser. E já se encontra aqui: o olho da razão, não da minha nacionalidade; o olho da razão, não da minha comunidade religiosa; o olho da razão, não da minha comunidade lingüística. Você percebe? E esta será a filosofia do planeta, não deste ou daquele grupo.

Quando a Terra é avistada da Lua, não são visíveis, nela, as divisões em nações ou Estados. Isso pode ser, de fato, o símbolo da mitologia futura. Essa é a nação que iremos celebrar, essas são as pessoas às quais nos uniremos.




A mim, Virginia, agrada muito essa idéia dos mitos cósmicos, da realidade planetária. Afinal, somos seres das estrelas!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Joseph Campbell em entrevistas com Bill Moyers

O Mito e o Mundo Moderno

Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos.

* * *

MOYERS: Por que mitos? Por que deveríamos importar nos com os mitos? O que eles têm a ver com minha vida?

CAMPBELL: Minha primeira resposta seria: “Vá em frente, viva a sua vida, é uma boa vida – você não precisa de mitologia”. Não acredito que se possa ter interesse por um assunto só porque alguém diz que isso é importante. Acredito em ser capturado pelo assunto, de uma maneira ou de outra. Mas você poderá descobrir que, com uma introdução apropriada, o mito é capaz de capturá-lo. E então, o que ele poderá fazer por você, caso o capture de fato?

Um de nossos problemas, hoje em dia, é que não estamos familiarizados com a literatura do espírito. Estamos interessados nas notícias do dia e nos problemas do momento. Antigamente, o campus de uma universidade era uma espécie de área hermeticamente fechada, onde as notícias do dia não se chocavam com a atenção que você dedicava à vida interior, nem com a magnífica herança humana que recebemos de nossa grande tradição – Platão, Confúcio, o Buda, Goethe e outros, que falam dos valores eternos, que têm a ver com o centro de nossas vidas. Quando um dia você ficar velho e, tendo as necessidades imediatas todas atendidas, então se voltar para a vida interior, aí bem, se você não souber onde está ou o que é esse centro, você vai sofrer.

As literaturas grega e latina e a Bíblia costumavam fazer parte da educação de toda gente. Tendo sido suprimidas, toda uma tradição de informação mitológica do Ocidente se perdeu. Muitas histórias se conservavam, de hábito, na mente das pessoas. Quando a história está em sua mente, você percebe sua relevância para com aquilo que esteja acontecendo em sua vida. Isso dá perspectiva ao que lhe está acontecendo. Com a perda disso, perdemos efetivamente algo, porque não possuímos nada semelhante para pôr no lugar. Esses bocados de informação, provenientes dos tempos antigos, que têm a ver com os temas que sempre deram sustentação à vida humana, que construíram civilizações e enformaram religiões através dos séculos, têm a ver com os profundos problemas interiores, com os profundos mistérios, com os profundos limiares da travessia, e se você não souber o que dizem os sinais ao longo do caminho, terá de produzi-los por sua conta. Mas assim que for apanhado pelo assunto, haverá um tal senso de informação, de uma ou outra dessas tradições, de uma espécie tão profunda, tão rica e vivificadora, que você não quererá abrir mão dele.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Oliver Sacks - Mãos


Oliver Sacks, brilhante neurologista, relata em O homem que confundiu sua mulher com um chapéu, no capitulo intitulado mãos, o caso de Madeleine. É uma paciente de 60 anos, cega de nascença e com paralisia cerebral, vinda de uma família protetora. Apesar de seus problemas, ela falava fluentemente e não apresentava nenhum retardo mental, o que o surpreendeu. Era inteligente e muita culta. Perguntou-lhe se lia bem em braile e ela disse-lhe que não, que sempre tinham lido ou gravado coisas para ela, pois suas mãos eram massas imprestáveis e que ela nem acreditava que faziam parte dela.


Acompanhando a paciente ele percebeu que apesar de não ter nenhum dano na sensibilidade das mãos, ela não reconhecia ou identificava nada com suas mãos. Ou seja, ela tinha o potencial, mas não a capacidade. Ela não integrava às sensações às percepções. Pelo fato de nunca ter usado suas mãos para ir ao banheiro, comer, pegar qualquer coisa, ela não percebia nem atuava com suas mãos, era como se não as tivesse. Questionou-se se isso teria ocorrido pela ausência dos movimentos exploratórios normais que surgem nos primeiros meses de vida. Se fosse esse o caso, ela conseguiria adquirir aos 60 anos de idade o que deveria ter aprendido enquanto bebe?


O grande desafio era a ação. Então, um dia que a comida ficou um pouco distante dela, ela, faminta, estendeu o braço e pegou uma rosquinha. Essa foi sua primeira percepção, o primeiro ato, que abriu uma fome de exploração ainda maior. Graças ao seu nível intelectual, rapidamente passou a reconhecer objetos, com uma curiosidade vivida, um imenso prazer de descobrir um mundo cheio de encanto, beleza e mistério. Dos objetos passou às pessoas, explorando seus rostos em repouso e em movimento. Logo passou a modelar argila e tornou-se uma artista conhecida no local por suas figuras.

“Que maravilhosa possibilidade de aprendizado tardio, de aprendizado para os incapacitados, isso abria! E quem teria sonhado, que naquela mulher cega e paralítica, escondida, desativada, superprotegida toda a sua vida, vivia o germe de uma espantosa possibilidade artística (ignorada por ela e pelos outros) que germinaria e floresceria em uma rara e bela realidade, depois de permanecer adormecido, definhando por sessenta anos?”

Considerações Pessoais:
Neste texto do Sacks, é demonstrado de maneira extrema um dos princípios que mais me encanta em Milton H. Erickson. Ele acredita na infinita capacidade do ser humano de fazer o melhor com o que estiver ao seu alcance. Na capacidade de superação das dificuldades. Na capacidade de aprendizado inerente ao ser humano.

Também me questiono como temos criado nossos filhos, protegidos em nossas confortáveis barrigas-canguru, sem que descubram neles as potencialidades, habilidades e talentos inatos. O que será que tem passado despercebido neles, como passou em Madeleine, por simples falta de uso? Ou em nós mesmos?
Em minha experiência clínica tenho encontrado pessoas maravilhosas que lidam de maneira original e criativa com a resolução de dificuldades. Pessoas que tem encontrado dentro de si mesmo tesouros incalculáveis nessa maravilhosa aventura que é a vida e seu viver.


Quando leio os relatos clínicos de Oliver Sacks, vou me dando conta de como somos seres perfeitos. Podemos, por ter sempre sido assim, nem realizarmos toda a maravilhosa engrenagem que colocamos em funcionamento simplesmente ao abrir os olhos pela manhã e nos levantarmos, realizando as atividades rotineiras e cotidianas com as quais estamos habituados. Seus relatos me fazem agradecer o fantástico do ser simplesmente humano!

Terapia Estratégica - Observação




Na terapia estratégica ou Ericksoniana, não existe julgamento, uma vez que não está embasada em nenhuma teoria de como deveria ser, não há certo e errado. O que existe, em cada indivíduo e ao meio ao qual pertence. familiar, profissional, social e etc, é um sistema de funcionamento, que pode ser eficiente ou não em alguns contextos.



A grande máxima de Milton H. Erickson é observe! Observe, detalhadamente, curiosamente, como funciona o individuo. Como interage com as pessoas, como se relaciona consigo, como traça suas metas, como busca atingi-las. Observe quais são suas habilidades e capacidades. Observe quais são os aspectos que precisam ser melhor desenvolvidos. Observe o que não é dito, o que brilha pela ausência. Observe, observe e observe ainda mais. Por isso, é uma terapia feita sob medida.


Observando o individuo evidenciam-se as estratégias de cada um. As vezes pequenos ajustes nesta estratégia produzem resultados incríveis, como uma pedra de dominó que ao cair derruba todas as outras. Pequenas mudanças podem levar a grande mudanças. Ao observar os padrões que se repetem, seja nos relacionamentos com o(a) parceiro(a) amoroso(a), seja na forma de lidar com mudanças que a vida proporciona, seja nos sucessos e fracassos, nas doenças, etc, podemos descobrir muito sobre o script que estamos desempenhando e se ainda queremos mantê-los.


Com isso, permita-se ser agradavelmente surpreendido por você mesmo(a), tendo atitudes, pensamentos e comportamentos que te façam ser simplesmente quem você é, com muito orgulho e satisfação!

domingo, 9 de maio de 2010

O encontro de duas pessoas é como o contato de duas substâncias químicas: se houver alguma reação, ambas serão transformadas.

Jung

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ernest Rossi



Um dos maiores seguidores de Milton H. Erickson. Tem um curriculum vitae invejável. Por sua formação e participação no Instituto C. G. Jung de Los Angeles é também conhecido como Jungueano/Ericksoniano. Vem daí minha admiracão crescente. Seu trabalho está em plena expansão. Suas dedicatórias são famosas por conterem uma pergunta a quem é dedicado o livro. Para saber mais dessa pessoa notável:

http://www.ernestrossi.com

No site, está disponibilizado este livro para download, em várias linguas. Vale a pena!

Título: A Nova Neurociência da Psicoterapia, Hipnose Terapêutica e Reabilitação- Um Diálogo Criativo Com Nossos Genes

Autor: Ernest Rossi, Ph.D. and Kathryn Rossi, Ph.D.

Traduzida por: Maria Lúcia Lacal Cox D’Avila

“Confie no seu inconsciente. É uma maneira deliciosa de se viver, uma maneira
deliciosa de conseguir coisas”.

Milton H. Erickson

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Minha descoberta de Milton H. Erickson

Dr. Milton H. Erickson nos deixou um legado maravilhoso. Nos fez repensar a psicoterapia e a forma de tratar o ser humano.

Ainda lembro de meu deslumbramento ao ler Terapia Não-Convencional, de Jay Halley, há tantos anos atrás. O mesmo aliás de Hercoles Jacy, um amigo querido, que fêz o prefácio da edição brasileira. Um mundo novo se descortinou para mim. Uma maneira de abordar o ser humano respeitosa, empática e amorosa. Não mais a teoria aplicada ao indivíduo e sim o indivíduo observado em sua totalidade e originalidade.Logo em seguida, o José Carlos Victor Gomes, colega de turma da Psicologia na PUC- Campinas, trouxe ao Brasil o Dr.Jeffrey Zeig. Na minha opinião,o mais fiel e didático seguidor de Erickson, que nesta data já era falecido. Em 3 etapas, de 5 dias cada uma delas, realizado em Sâo Paulo, me deixei fascinar e envolver pelo brilhantismo desse trabalho. Sentia-me trilhando um caminho novo, amparada por velhos conhecidos.

Concluída a formação, tive a oportunidade de visitar a Fundação Milton H. Erickson no Arizona. Mais, bem mais do que isso, fui agraciada e honrada com uma visita à casa de Milton Erickson, onde ele também exercia a profissão. Fui gentilmente recebida por Miss Elizabeth Erickson por quem brotou em mim uma profunda admiração. Marília Baker, psicóloga, ericksoniana, brasileira e residente em Phoenix, me acessorou nesta viagem. Compartilhei com ela minha admiração e meu desejo, urgente e veemente, que se escrevesse sobre essa mulher extraordinária, ainda viva. Tenho em mim, a plena convicção, de que o Dr. Erickson atingiu uma plenitude que teria sido impossível sem a esposa ao seu lado. Foi com muita alegria que recebi das mãos de Marilia, com uma dedicatória muito especial para mim de Miss Erickson, o livro: Homenagem a Elisabeth Moore Erickson, publicado no Brasil pela editora Diamante.

Estudei ainda com outros ericksonianos que vieram ao Brasil: Ernest Lawrance Rossi, Stephen Gilligan, Michael Yapko, Betty Alice Erickson,
Bradford Keeney, Cloë Madanes, Tereza Robles, Paul Adler, entre outros, cada qual com sua visão de Erickson, incorporada em seus trabalhos. Extremamente enriquecedor!

Em 2005, retomando o contato com Marilia e atendendo aos incentivos dela, juntei-me à duas colegas psicológas ericksoniana, M. Inês Pavan e Monica Lens Cesar para realizar um antigo sonho, fundar o Instituto MIlton H. Erickson de Ribeirão Preto.

Em outubro de 2009 Marília Baker nos prestigiou com sua presença em Ribeirão Preto, no belo curso as Várias Fases da Vida da Mulher, continuando seu trabalho com o feminino profundo.

O IMHE-RP, ou seja, Instituto Milton H. Erickson de Ribeirão Preto, é uma realidade da qual me orgulho. Está inserido ao lado dos vários Institutos Milton Erickon espalhados mundo afora. Vários cursos e vivências são ministrados aqui embora ainda não tenhamos começado os cursos de formação em hipnoterapia ericksoniana, o que pretendemos fazer em breve.